sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Natal, natal, natal

Família reunida, comida boa e presentes que data feliz! Mas como não é só a Creusa que sofre com o azar pois, ele é crônico e hereditário em sua família. A idéia de juntar todos num mesmo lugar, foi obviamente desastroso.

Viajaram para um hotel fazenda com objetivo de descansar, curtir a vida e não brigarem. Tudo corria bem, chegaram até a pensar que ficariam imunes. Mas o dia 24 foi o resultado de toda essa união.

A chegada do bom velhinho foi marcada para 8:30 da noite. 7:30, na hora em que a maioria dos hóspedes tomavam banho bem demorado e quentinho a luz caiu. Nesse momento tudo mudou, quem tentava ser otimista desistiu para sempre de tudo não só da esperança próxima da volta da luz, porque o único dia que choveu foi dia 24 e os céus jorravam toneladas de água por segundo sobre a cabeça da família.

De qualquer maneira, nenhum membro da família (ou qualquer hóspede)conseguiu tomar banho. Água meio fria, meio quente, tateando o box para achar o sabonete e tomando cuidado para não derrubar a vela que se equilibrava na saboneteira no lado oposto enquanto escorregava no shampoo que acabou de extravasar metade do conteúdo no chão.

Mas o drama seria maior: 3 quartos, 8 pessoas, uma lanterna e a missão de se arrumar.

Fizemos adivinhação:
- É que cor essa calça?? Preta?
- To achando que tá mais pra azul marinho vó.
- Mas eu não trouxe azul marinho!
- Ah acho que sei! é marrom!

Aprendemos a confiar mais uns nos outros:
- Como ficou o batom? não está todo borrado meu olho?
*Creusa vendo um vulto escuro e nenhuma definição*
-Linda tia! Você sabe bem se maquiar!

Brincamos de esconde-esconde:
- Mãe?? Mãe??
...

Também brincamos de caça-ao-tesouro:
- Cadê a lanterna?
- No quarto da vó *voz não identificada*
- Vó preciso da lanterna!
- Não é comigo que você deve procurar, também estou precisando dela. Tua prima tem cara de quem pegou e não vai devolver tão cedo.

Enfim, quando tudo já podia ter acontecido e a entrega de presentes e boa parte do jantar aconteceu como nos velhos tempos a luz de velas a eletricidade voltou!

Ofuscados pelo brilho intenso da meia noite, na melhor das hipóteses todo mundo se reconheceu meio diferente, amarrotados sem combinação de cores, com batom em bocas imaginárias e lápis em olhos inexistentes e cabelos parecidos com trabalhadores de circo.

Entretanto a conclusão é óbvia, não se esconda. Nem o Natal será poupado da sina de má sorte cômica.

sábado, 26 de julho de 2008

O irmão espertão

Creusa tem um irmão, o Leomildo. Ele é do tipo que faz um comercial para TV, no qual todos os participantes parecem iguais e a única coisa que os difere é a cor da roupa e não avisa que estava vestindo vermelho e se acha no direito de ficar brabo que ninguém o elogiou pela atuação.

Enfim, ele possui um cartão-sei-lá-como-funciona-por-favor-não-perguntem-transporte no qual os créditos novos só são debitados quando os antigos acabam. Leomildo, querendo usufruir de novos e mais fartos créditos teve a brilhante idéia de comprar uma passagem para um lugar qualquer no exato valor dos créditos antigos. Assim fez! Comprou uma ida para Quissamã.

-Quissamã Leomildo?
-É, Quissamã. Mas por que se preocupar? Venho mês que vem e falo que não quero mais a passagem e recebo de volta meus créditos! Sinta minha esperteza!

Mês que vem chegou e foi Leomildo trocar sua passagem para a maravilhosa metrópole de Quissamã:
-Por favor, gostaria de trocar essa passagem aqui, aconteceu alguns imprevistos e não vou poder ir. Você poderia trocar ela por créditos?
-Não, não posso não.
-NÃO?
-Não, o máximo que posso é transeferir o dia da passagem. Que dia o senhor quer?
-Qualquer um
-QUE DIA?
-O último do mês, último horário.

Voltou para casa Leomildo, com sua passagem remarcada. Não tão alegre, nem com créditos resgatados ou se sentindo tão esperto. Ofereceu de graça a todos os amigos uma ida a Quissamã, niguém aceitou. Ele já planejou que um dia vai a rodoviária vender a passagem, mas não sabe se terá alguém que compre.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Creusa sai de férias

Dias mais do que esperados! Uma semaninha lá é meio pouco, mas Creusa não reclama e aproveita.

Ela foi à praia, e como é da cor do leite, passou uma grossa e generosa camada de filtro solar fator 1000 pensando:
-Agora estou protegida!

Assim, saiu pra caminhar e sentir a areia que há tanto tempo não pisava e ver o mar de perto. Caminhou, caminhou muito até que sentiu uma sensação estranha no pé.

-Mas que será? Parece que repuxa...

Óbvio que repuxava, ela havia esquecido do pé no ritual mágico do filtro solar. Queimou, queimou tanto que ela mal conseguia por havaianas e andar era um dos movimentos mais detestáveis possíveis. Além de ter conseguido uma coloração vermelha assustadoramente viva, digna de um Romero Britto e inchado de uma maneira surpreendente que todos os seres humanos brozeados uniformentes notavam que algo tinha dado errado e olhavam sem pena, com cara de dor, desdém e sarro.

Mas como nada ruim na vida da Creusa fica limitado a apenas um episódio, quando chegou em casa ela notou que seu couro cabeludo estava tão vermelho quanto o pé. Mal conseguiu pentear o cabelo por dias, sem falar que depois que começou a descascar parecia caspa.

Creusa que já estava linda. Permanecia ainda saudável, por pouco tempo é claro. Porque um incrível desarranjo intestinal causado pela compulsão por camarões levou-a ao posto de saúde tomar sorinho. O detalhe de já apresentar uma palidez mórbida quando chegou ao posto de saúde foi agravado pelo medo de agulhas e ela acabou desmaiando com uma intravenosa de Buscopan. Acordou sem saber porque com um algodão encharcado de álcool sendo esfregado nas suas narinas.

No último dia, Creusa já recuperada da maioria dos males foi entrar no mar uma última vez. Pensando palavras bonitas para definir aquele momento de contato com a natureza um cardume de peixes passou através dela, sim através. Não importou o tamanho do oceano, eles escolheram atropelá-la sem piedade. Quantas pessoas na Terra podem dizer que não foram detectadas pelo apuradíssimo senso de direção e detecção de obstáculos dos peixes? Creusa realmente é uma pessoa única!

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Descobertas

Creusa sempre teve muito orgulho de dizer para todos que não era mulherzinha, não tinha essas frescuras típicas de mulheres. Sim, Creusa se achava imune ao cú doce feminino até que um dia...

A patinha dificilmente sai com o pai e se sai sempre o faz com segundas intenções, na maioria dos casos as intenções são voltadas para o assunto comidas-caras-que-eu-nunca-pagaria-em-sã-consciência. Um dia, depois de passada um tarde toda passeando com o pai em lugares que pouco a interessvam Creusa esperava a frase mágica, praticamente equivalente a um biscrock para um cachorro que fez uma gracinha nova:
-Vamos comer algum doce filha?
Mas a frase não saia, e a garota se impacientava e quando faltava duas quadras para chegar em casa ela fala:
-Você não quer comer um doce pai?
-Ahnn... pode ser, onde você quer ir?
-Assim de má vontade não vou em lugar nenhum.
-Não estou de má vontade Creusa, só estou cansado. Mas diz onde você quer ir.
-Nem sei, nem tenho idéia. Melhor ir pra casa.
-Olha só, estou entrando em casa. Quer ir ou não?
-Ahh... agora nem quero mais,, você está na garagem já, nem me deu tempo de pensar!
-Creusa filhinha querida, fale logo, eu saio.
-Perdi a vontade. Pode estacionar.

Dois minutos depois, já em casa, Creusa não contente, começa o segundo round:

-Você me negou comida, como um pai pode fazer isso?
-Eu não neguei filhinha, você está começando a me irritar. Eu me lembro de ter perguntado e você disse que não queria mais
-Como em sã consciência eu iria recusar um bolo ou um sorvete?
-Você recusou, mas podemos ir na padaria da esquina se quiser amorzinho da minha vida.
-A padaria da esquina não gosto é muito chata.
-Mas filhinha você adora.
-Não gosto mais, descobri isso hoje. Mas o importante é que você me negou comida, como isso pode acontecer? Eu estou gorda? É isso? Engordei? Culpa tua se engordei, você queM me acostumou a comer doces.
- (...)
-É assim? Não vai falar comigo? Vai me ignorar como se ignora um cão sarnento, você está declarando guerra saiba disso! Vai ver, não vou pagar plano de saúde pra você quando ficar velho. Vai pra fila do SUS ser ignorado.
-Eu pago o teu e meu plano.
-Isso esnoba, me chama de pobre, de vagal. Eu estudo okéi? Não ganho salário por uma infelicidade. Essa sociedade que desvaloriza as mentes, sociedade injusta!
-Filha... cala a boca?
-Agora vai me agredir? Seu bruto, grosso!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

O microondas encantado

Coisas simples do dia-a-dia que poucos sabem dar valor: um almoço rápido, um chocolate derretido sem precisar de um demorado banho-maria. Creusa queria pipoca? "pipoca + liga = pipoca"
e descongelar? "descongelar + liga = descongelado"
ainda faltou um pouquinho? "1 minuto + liga = tudo perfeito"
Que seria de Creusa sem o microondas?

Infelizmente ela soube a resposta para isso.
-Hum hora do almoço, nada melhor que fazer uma lasanha da Sadia. 10 minutos e plim! magicamente pronta!
Concentrada nas manobras que antecedem o resultado final (abre geladeira, tira lasanha, põe no microondas e aperta 1 + 0 + liga) demorou a notar que não andava o cronômetro nem fazia o barulho de cozimento.
Sem pânico, verificou-se que sim estava na tomada e que sim, tinha luz.
Uma última tentativa e nada.
Pronto quebrou! "Mas é só o microondas... mandarei pra assistência e volta em menos de 1 semana" pensou de forma otimista e foi embora sem comer mesmo.

Na volta, ela que ainda tinha esperanças tentou uma última vez ligar o negócio, mas óbvio nada aconteceu.
-Alô? Assistência?
-Sim! Qual teu problema lindo cliente?
-Meu microondas quebrou.
-Super normal, traga aqui! Faremos uma avaliação, mas não se preocupe nunca essas coisas ficam prontas rápido e são baratas!

Três dias depois que era o prazo dado para saber o custo do estrago, Creusa pouco paciente porque já tinha notado que era insuportável fazer as coisas no forno liga:
-Alô? Deixei meu microondas aí três dias atrás. Queria saber se já saiu a avaliação.
-Teu nome?
-Creusa
...
...
-Senhora Creusa, não está pronto, o técnico está viajando.
-E só tem um técnico?
-De microondas... sim. Mas ele volta amanha, ligamos amanhã para a senhora que é uma cliente super especial!


Amanhã sem paciência de esperar uma eventual ligação que dificilmente aconteceria, ela se adiantou:
-Alô? Meu nome é Creusa meu microondas está ai e quero saber o resultado da avaliação. Se ela não estiver pronta chama o técnico super especializado que voltou ontem no telefone.
-Senhora cliente VIP não precisa ficar assim, já está pronto o custo é de apenas 200 reias, é uma peça que não costuma quebrar, tem que vir de São Paulo, tudo muito complicado. Ms que nós podemos com toda certeza resolver com eficiência!
-Mas...
-Imprevistos acontecem perfeita cliente. Podemos por nossa equipe de prontidão para iniciar o conserto?
-Vai, fica pronto em quantos dias?
-Uma semana

Uma semana depois Creusa vai diretamente a loja. O fogão já está imprestável, sem timer, sem plim plim ou botões autoexplicativos com figurinhas tudo queima, tudo que é liquido transborda, tudo suja e isso é estressante.
-Olha, eu sou a Creusa, vim pegar meu mágico microondas.
*vem uma coisinha quadrada embrulhada*
- Esse não... é... meu... MICROONDAS!
-Senhora querida cliente como pode duvidar de nossa honestidade? De qualquer maneira vamos verificar novamente no sistema!
-Meu microondas não é assim! Quando ele veio aqui não estava enferrujado, muito menos fedendo!
-Ahhh senhora Creusa, tem que nos desculpar. Realmente não é seu. A peça ainda não chegou.
-POR QUE NÃO CHEGOU? NIGUÉM ESTÁ EM GREVE!
-Não se exalte maravilhosa cliente, nós trabalhamos para te ajudar. Mas como eu disse é uma peça que vem de São Paulo, mais uma semana é aprevisão do sistema.

Novamente, uma semana depois:
-Creusa nosso tesouro de cliente sabe o que aconteceu? Olha que engraçado a peça não chegou!
-O QUE? ESTÁ VINDO DE QUE ESSA PEÇA?? DE CARROÇA?? VINDO A PÉ?? MANDARAM QUE IDIOTA TRAZER ISSO?
-Senhora, calma imprevistos acontecem, e...
-E EU QUERO ESSA PORCARIA PRONTA EM 3 DIAS! TENHO DITO!

Trêsdias depois:
-Meu microondas! por favor?
-Com certeza! Nossa eficiente equipe conseguiu fazer tudo em três dias, somo sempre a sua melhor escolha em eletrodomésticos!

Creusa mal ouvia o discurso semi-pronto, ela sentia que seus olhos se enchiam de lágrimas de alegria, suas pernas ficavam bambas e foi como encontar um velho amigo depois de anos de separação forçada.

Não é preciso dizer como o humor e qualidade vida da patinha voltaram com um simples eletrodoméstico! Microondas não é luxo, é necessidade, ondinhas eletromagnéticas mágicas.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

As malandronas

Creusa estudando para prova de botânica:
-Ele nem vai cobrar esses períodos geológicos do surgimento das briófitas, foi só pra encher slide.

Mas claro, como o mundo soube da falta de estudo dessa matéria ele conspirou para que a prova inteira fosse basicamente esse assunto. Creusinha já acostumada com esses imprevistos maliciosamente olhou pra provinha da amiga Ornitolica e pode constatar:
"Humm... então a 1ª é V... hummmmm"

Frente a esse fato ela consegue fazer todas as outras questões e sai alegríssima da prova! Justo nesse instante de alegria Ornitolica se aproxima e diz:
-Creusa!!! Você me salvou! Aquela primeira questão que você colocou V me ajudou a resolver toda a prova.
A pata engoliu seco e disse:
-Mas amiga querida, tem certeza que você não respondeu a primeira sozinha?
-Não Creusa! Eu não tinha idéia da resposta. Não estudei os períodos geológicos.
-Mas... mas... eu colei a 1ª de você...

...
...
longa pausa de surpresa e raciocínio
...
...

-Creusa, quem viu o V primeiro?

terça-feira, 17 de junho de 2008

Creusa e a alergia

Não é raro uma pessoa ter algum tipo de alergia, rinite, sinusite, bronquite. Sempre tem um na esquina com pelo menos dois desses problemas. Mas alergia cutânea, é algo além de pouco mais raro completamente visível, nao é sempre que se vê alguma pessoa se coçando freneticamente, ficando vermelha e inchada numa questão de minutos, mas a Creusa sim! Ainda pode-se complementar que na Creusa não incha e coça o dedão do pé que se esconde facilmente. Incha o rosto, olhos e boca que são sempre visíveis se a pessoa em questão não usar burca.

Enfim, a patinha pegou uma infecção de garganta foi no médico e levou uma receitinha para casa com um coquetel de remédios que incluiam amoxicilina. Tomou sem medo e foi logo no outro dia numa saída de campo para a Serra do Mar. A estrada que conduz a essa parte da serra não tem acostamento e ônibus e caminhões são proibidos de trafregar nessa via, vê-se por ai que é extremamente fácil o acesso e bem segura!
No meio da trilha Creusa vira pra amiga e pergunta:
- Ornitolica, minha boca ta inchada?
- Um pouquinho Creusa, mas é do frio. Nem se preocupe.

Creusa nem se preocupou é claro, ela confiava no senso de honestidade da amiga. Afinal era a saúde de Creusa em jogo, e todos os amigos sabiam que se não controlar um surto alérgico de Creusa ela, na manha seguinte está cheia de imunodepressivos a caminho do hospital.

Assim, a inchadinha continuou na trilha durante mais umas duas horas olhando o chão pra não tropeçar. Ela sentia que a boca estava um pouco maior que o normal, mas pensou ser só impressão. Chegando no ônibus não se conteve e deu uma espiadinha no espelho de maquiagem que uma amiga carregava.

Respirou fundo e tentou não entrar em pânico quando viu que parecia ter um bico em vez de boca, passou a viagem de volta inteira repetindo " é por causa do frio, é por causa do frio", e quando essa frase já se configurava em um mantra e Creusa entrava em estado alfa, Ornitolica disse:
- Nossa Creusa, tá inchando a parte superir da boca também!!!

De fato, Creusa mal conseguia fazer com que seus lábios não se encostassem quando abria a boca. Frente a situação crítica, leu a bula do antibiótico e constatou que essa era uma reação que acontecia em 0,001% dos paciêntes:
- Alô?? médica querida?? acho que estou com um problema. Estou inchando, mal sei como você consegue me compreender já que meus lábios são um enorme obstáculo a fala.
-Ah... você tem alergia... faz assim, mantenha a calma, suspende toda medicação e venha aqui agora, já, nesse instante ao consultório!
-Quanta pressa, é grave?
-Não não, apenas pode ser que você tenha um ataque de asma, fique sem ar, talvez sua glote fecha, mas não é grave não.

domingo, 15 de junho de 2008

Saída de campo

Creusa é bióloga, e ao contrário do que a maioria das pessoas pensam dos biólogos ela simplesmente não gosta de mato, detesta animais selvagens e prefere History Channel a Discovery. Ela traduz mato em lama com coisas verdes enlameadas habitado por vetores de doenças voadores, o que costumam chamar de insetos.

Creusa é um rato de laboratório. Isso explica o pesadelo que ela passa nas saídas de campo:

"Saímos ao meio dia com um tempo cinza de chuva, mas que em alguns lugares dava espaço para a bola amarela brilhar e queimar a pele de pessoas sem melanina como eu. Seriamos acompanhados pela professora Rosinha que é muito surda, mas com um orgulho enorme para admitir e uma admirável técnica de leitura labial que engana qualquer um, e o professor Pacato que era aparentemente normal. Porém, para a surpresa de todos, o professor aparece fantasiado de Indiana-Jones-caçador-de-borboletas; coletinho cheio de bolsos, tênis de escalada-caminhada-trilha, cinto multi-funções e um incrível coletor.

Passei toneladas de filtro solar e embarquei no ônibus já tendo o pressentimento que as coisas seriam estranhas. Nem cinco minutos de viagem e começam as musiquinhas características do curso, não tão ingênuas que se pareçam com " o fulaninho ladrão de pão do João" nem tão profanas quanto os funks cariocas. De qualquer forma, depois de quinze minutos tudo cai na mesmice e cansa, enche o saco e irrita. Coisa que ninguém parece notar, porque só parou a cantoria quando o destino final foi avistado.

Descemos e fomos, todos menos eu, alegres e saltitantes coletar a água nojenta e cheia de patógenos de buracos alagados. Como toda boa turma de Biologia, sempre uma mulher-rambo-natureza se acha no direito de esnobar meu jeito laboratorial de ser:
- Precisamos de pessoas que não tenham medo da natureza.

O grupo volta, eu já bastante irritada vou me desinfetar no banheiro não tão desinfetado do ponto de apoio. Quando saio de lá, começa a chover e como tudo pode ficar pior, quatro minutos ápos o início da chuva minha turma aglomerada em baixo de um teto de palha tem a ótima idéia de cantar. Mais cantoria por parte de pessoas desafinadas com repertório duvidoso e nem fugir eu conseguia.

Horas tenebrosas após eu ter pagos todos os meus pecados, reaparece o ônibus que tinha fugido sabe-se lá para onde e quase chegamos a pensar que teríamos que voltar a pé."

terça-feira, 10 de junho de 2008

Pedir um sinal... ganhar uma enxurrada (3)

Claro, como nada é vão e o melhor de três é sempre a alternativa mais cotada, uma janelinha abre-se no MSN da Creusa:

asinha de frango diz:
oi! tudo bem?

creusa diz:
sim! e vc ta bem?

asinha de frango diz:
bem sim...

*longo tempo sem uma palavra*

asinha de frango diz:
eu gosto de você Creusa

creusa diz:
legal!

asinha de frango diz:
ando pensando muito em você esses tempos...

creusa diz:
é? ...

Asinha de frango é grande, gordo, não tão formoso e tem namorada faz mais de 6 anos.

asinha de frango diz:
você quer ser minha amante?

creusa diz:
não

creusa parece estar offline.

Sim, não sem dúvidas o problema é com Creusa! Ela agradeceu a franqueza dos Deuses e a rapidez em não deixarem nehuma margem de dúvida!

Pedir um sinal... ganhar uma enxurrada (2)

No mesmo sábado, depois que Creusa foi pra casa, já recuperada do sinal nº1, ela bem alegre ligou o computador entrou no MSN, orkut e afins e ficou brincandinho. Mas, mais uma vez um ser surge do limbo na página de recados dela.

"Oiiiii...."

Ela olha, analisa bem o sujeito e decide que definitivamente não conhece mas responde, ser mal educada não é legal.

"Oi, tudo bem? =)"

Ele responde e depois da troca de MSN frases estranhas apareceram na conversa das duas pessoas que não se conheciam:

Ser do limbo diz:
Eu sou uma pessoa muito carinhosa...acho que nesse caso sempre tem que ter uma certa reciprocidade. Eu poderia ser seu namorado!


OK... é pra ficar com medo né?

Pedir um sinal... ganhar uma enxurrada (1)

Creusa tristinha porque Joãozinho a trocou ficava remoendo "Será que o problema é comigo??" "Que fiz eu de errado??". Assim, entre outras mil perguntas sem respostas a patíssima decidiu olhar para o céu e indagar as forças supremas:
- Deuses tirem-me desta dúvida cruel!!!! Serei eu o problema?

Os deuses que já sabiam que demorava muito para Creusa processar as informações triviais do dia-a-dia imaginaram que a dificuldade com sinais divinos seria maior e mandaram três mega sinalissímos.

Sábado, festinha animada de 73 anos da avó e o celular de Creusa toca. Número não identificado. Creusa alegre pensa "É o Joãozonho, me ligando pra falar que se arrepende de tudo!":

-Olá!
-Oi Creusa!!! Lembra de mim?
*já sem vontade de falar porque evidentemete não era o Joãozinho*
-Não...
-É o Queirozinho!
-Ah... oi queirozinho.
-Então, to ligando porque você nunca me liga! Assim não dá! Você tem que me ligar!
-Mas eu não tenho teu celular. Bem, não tinha.
-Agora tem!
-É agora tenho.
-Então to lingando pra gente marcar um R.U. (vulgo restaurante universitário), que você acha? Segunda?

Creusa já perdendo a paciência por ser incomodada por um fênix barato em plena festa da avó, tenta ignorar o fato do alegre querer marcar um almoço de 1,30 com bandejas e talheres engordurados tendo como cardápio, na melhor das hipóteses, uma bolota de carne do bife de sexta, frita com o óleo da batata de quinta. Sem falar na fila, que dobra quarteirão e na luta por conseguir uma mesa.

-Ahum...
-Ohhh que booom! Então segunda te ligo!

Segunda, o celular da talvez-nem-tão-pata-assim desligou misteriosamente.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Semana do Inferno

Todo mundo tem uma semana infernal de vez em quando. Mas Creusa quando tem uma semana assim, é fora do comum.

Segunda: se recuperando de uma gripe, pensou "ahh essa semana vai ser boa! Já estudei muito pra prova amanhã"

Terça: fez a prova sem poder abaixar a cabeça pois a rinite não permitia e para completar foi mal.

Quarta: Teve a carteira roubada e no dia q estava com dinheiro, ficou pobre e quase passou de caloteira:
Entrou na loja para comprar uma roupa, e sem saber da minha condição de pobre ludibriada por um mano espertalhão experimentou a blusa, apalpou a blusa, ensebou a blusa uns quinze minutos e quando foi pagar CADÊ? Não sabia se se desesperava por ter sido roubada ou por parecer uma caloteira.

Quinta: Teve, por uma sucessão de acasos bizarros, que comer no shopping e gastar o que tinha restado de dinheiro e como se tudo isso não bastasse descobriu que o colega de almoço queria convertê-la.
Nunca um Subway desceu tão quadrado como aquele. Foi o mais longo almoço fast-food da vida dela.

Sexta: FechOU com chave de ouro e descobriu ter alergia ao pozinho de balões de aniversário. Creusa com a boca, queixo e covinhas inchadinhas e vermelhas de alergia de contato, torcendo muuito para que não tivesse um choque anáfilático, visto que, o pozinho tinha entrado nas vias respiratórias pois, ela participou ativamente do enchimento dos balões.

Contudo, todo carnaval tem um fim e toda semana infernal também. Ela sobreviveu.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Creusa, a melhor conselheira

Creusa e Joissecleida na lojinha de roupas. Joissecleida sai radiante do provador vestindo uma blusinha cinza, sim, cinza. Apesar de todo mundo dizer que cinza é aquela cor meio em cima do muro, meio sem personalidade, meio estranha ela não desiste, pelo menos até aquele momento não tinha desitido:
- Creeeusaaa que você achou?

Creusa na sua inocência e também tentando decidir qual meinha levava, disse:
- Tá otima Jossi, ta linda. Agora vai logo.

Jossi confiando todas a suas fichas na amiga, levou a roupa. Porém dias depois, Jossi chega na casa da Creusa:
- Creusaaaa amiga da onça. Olha essa minha camiseta que você me fez comprar
- Ahnnn? que tem?
- Olha a cor!
- É cinza.
- To parecendo uma cobradora de ônibus!

Realmente, era praticamente o uniforme da URBS, com alguma modificações fashion mas, mesmo assim uma cobradora fashion. Creusinha se rachou de rir, minutos a fio rindo, riu tanto que teve de se segurar no armário para não cair. Mas como ela não é uma amiga má, tentou dar uma solução:

- Ah Jossi, vai a pé. Opa! Vai não, com a greve vindo por ai, vão te achar no meio da caminhada e te fagocitarão para greve.

Mais alguns minutos de riso em que Creusa frenética e descontroladamente ri só de imaginar Joissecleida com seu uniforme fashion numa caminhada pacífica sendo englobada pela massa grevista. A profusão de placas e faixas de protesto; a fashionista sendo abraçada e carregada gritando frases de protesto, pois segundo a própria "eu não sei dizer não".

Ai como a vida é fácil quando a patisse é alheia.

- Ah Jo, você vai usar ela por baixo né? No frio.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Creusa, a estréia

Pobre Creusa que foi se meter com essas coisas de blog (de novo), veio quebrando a cabeça pensandinho no que escrever. Vieram tantas idéias, tantas idéias que chega a ser deprimente pensar que a coitada da pata já passou por tudo quanto é patisse.

Creusa e Joissecleida caminhavam saltitantes, felizes (mas nem tanto) e alienadas pelo parque bonito, cheio de árvores, com passarinhos cantando e onde, há algum tempo atras, as crianças corriam soltas atrás das pombinhas.
Que cena linda.

Mesmo depois de notarem uma mulher estranha com metade do útero à mostra e uma postura bastante inaceitável para uma moça de família no banco da frente, elas mesmo assim se acomodaram e continuaram a conversa. Estranhamente mais 2 mulheres no mesmo estilo se aproximaram, "Esses parques no centro da cidade já não são mais os mesmos." pensaram. Incrivelmente, um velho barrigudo passou mandando beijinhos e fazendo caretinhas muito suspeitas para as meninas de familia.

- Algo errado. Disse Creusa a Jossi.

Óbvio, algo de muito errado. Cadê as crianças cândidas? Cadê as mães felizes? Cadê as pombinhas inocentes e pipoqueiros? Elas não estavem lá por uma única razão. Era um ponto de vendagem de corpos.

Creusa sem mostrar grandes alterações de comportamento diz a Joissecleida:
- Amiga querida, acho que elas não são só pobres.

As duas, se movimentando bem devagar pra chamar menos atenção do já tinham chamado, foram menos saltitantes, mais alegres e extremamente envergonhadas saindo do parque.