domingo, 4 de outubro de 2009

Creusa cientista tupiniquim

Desde de pequena, Creusa era fanática por fazer experimentos. Em vez de brincar com as bonecas, pintava o cabelo delas com os mais varados tons de guache e derivados. Misturava tudo que podia achar na cozinha e por algumas vezes provava, o melhor cientista é cobaia de si mesmo.

Crescendo, finalmente ganhou o kit "Pequeno Químico". Começou fazendo os experimentos citados no livrinho, mas não tardou em inventar os próprios que obviamente não tinham base química alguma e não davam certo ou se davam ela nem sabia como.

Assim, a pequena passou a vida sonhando em ser cientista o que na ingenuidade dela essa palavra resumia liberdade total para misturar tudo que se possa imaginar e ter.

Cresceu mais um pouco e foi informada que cientista era pesquisador e nem tudo que existia era misturável, nem que a verba de um laboratório numa universidade federal permitia extravagâncias alquimistas. Mas Creusa já entendia esses contratempos e não sofreu grandes traumas.

Começou a estagiar num laboratório cercada por potes de vidro, reagentes dentro de vidros e aquários feitos de vidro. Em poucos meses dois aquários trincaram e metade dos reagentes perderam seus respectivos vidros.
Brincadeirinhas dos coleguinhas e semblantes não muito felizes de sua orientadora resultaram, com o passar do tempo, em total apoio dos amigos para assumir tarefas destinadas à Creusa como lavar aquários e guardar reagentes na geladeira.

Com o reconhecimento do interesse pela pesquisa e eficiência como estagiária ela ganhou um projeto, o que nesse conto de fadas todos ela preveu era a vida tupiquinim de pesquisadora:

- Cesarolmildo, não tinham uns 20 peixes nesse aquário que faziam parte do meu experimento mais do que importante?
- Tinha sim, mas olha só... entrou um gambá no laboratorio do lado... fez um estrago menina e veio pra cá... fazer uma boquinha... hihihihi...

- Acheei, Crisomeide!!! Achei aquele sal higroscópico que está parcilamente líquido e venceu só há 2 anos! Larga essa sopa rala de mais de 20 anos!

-Crisomeide, o laboratório aqui do lado trabalha com ratos branquinhos e pretinhos né?
-Sim Creusa
-Um marrom... passou correndo e está instalado debaixo da geladeira.

-Nossa que sorte! Uma salamadra Julissani!
-Vamos colocar ela debaixo da pia que estão os descartes tóxicos para que ela coma as aranhas e traças que estão lá. Nem vamos precisar limpar aquilo agora e correr o risco de ganhar um dedo a mais na mão por causa da radioatividade.

-Ops, era xilol... achei que era álcool, lavei minha mão e enxuguei os olhos. Sinto uma dor excruciante e vontade de arrancar minhas órbitas oculares fora.
-Pena, amanhã a gente identifica os frascos.