quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O trânsito, o carro e Creusa

Era motivo de piada entre a família e os amigos o temperamento de Creusa. Todos sempre tinham uma fala pronta para os milhares absurdos que Creusa faria numa situação qualquer.

- Andreissilda estou te enchendo o saco durante muito tempo, vou sair antes que você me bata.
-Raonilsson eu não bato é Creusa quem soca.

há- há- há

Um dia, Creusa e mamãe num sábado ensolarado que prometia profunda alegria, mamãe dirigia pela rua e POW!
POW?
Sabe quando da suspensão dos sentidos em se estampa involuntarialmente a famigerada cara de paisagem? Durou 2 segundos.

Creusa percebeu que haviam batido em seu carro, saiu vociferando, xingando a quarta geração do infeliz, que para ajudar todos os envolvidos estava em estado de choque dentro do carro por não ter seguro.

Mas desgraças exigem doses de egocentrismo agudas e anulando toda e qualquer possibilidade do carro de trás também ter perdido a alegria, ela em seu habitual e delicado comportamento disse:

- Vai ficar aqui rapaz!! Sai do carro po..a! Estragou tudo me..a!

Uma alma que estava no ponto de ônibus logo em frente a cena, se deu conta da situação em que se encontrava o garoto-sem-seguro-por-favor-louca-não-me-bata e pergunta:

- moço, você ta bem?

Creusa com autoridade sobre o sentimento de todos os envolvidos, bem calma responde:

- Minha senhora ele tá ótimo, não ta vendo? tá ótimo, andando e estragando tudo pela frente!! pode pegar seu ônibus agora.

O moço assustado com a descontrolada que estava ao seu lado soltando fogo pelas narinas de olhos esbugalhados e cabelo desgrenhado tentou o perdão:

- Me desculpa...
- O que? Desculpar? Não desculpo não meu querido, olha a me..a que você fez, não posso desculpar! Vai me dar um carro novo? Não vai! Não dá pra apagar nem remendar agora. Não te desculpo po..a! Vai pagar? Não vai né!
blá blá blá
...

Mas ainda Creusa lamenta até hoje:

- Ah mãe devia, devia ter batido nele.

Depois desse dia mamãe disse a Creusa que ela podia escolher um cachorrinho bem peludinho, fofinho e calmo. Disseram a ela que o contato com animais acalma as pessoas. Ou isso, ou logo tem mais um cachorro desiquilibrado no mundo.

domingo, 4 de outubro de 2009

Creusa cientista tupiniquim

Desde de pequena, Creusa era fanática por fazer experimentos. Em vez de brincar com as bonecas, pintava o cabelo delas com os mais varados tons de guache e derivados. Misturava tudo que podia achar na cozinha e por algumas vezes provava, o melhor cientista é cobaia de si mesmo.

Crescendo, finalmente ganhou o kit "Pequeno Químico". Começou fazendo os experimentos citados no livrinho, mas não tardou em inventar os próprios que obviamente não tinham base química alguma e não davam certo ou se davam ela nem sabia como.

Assim, a pequena passou a vida sonhando em ser cientista o que na ingenuidade dela essa palavra resumia liberdade total para misturar tudo que se possa imaginar e ter.

Cresceu mais um pouco e foi informada que cientista era pesquisador e nem tudo que existia era misturável, nem que a verba de um laboratório numa universidade federal permitia extravagâncias alquimistas. Mas Creusa já entendia esses contratempos e não sofreu grandes traumas.

Começou a estagiar num laboratório cercada por potes de vidro, reagentes dentro de vidros e aquários feitos de vidro. Em poucos meses dois aquários trincaram e metade dos reagentes perderam seus respectivos vidros.
Brincadeirinhas dos coleguinhas e semblantes não muito felizes de sua orientadora resultaram, com o passar do tempo, em total apoio dos amigos para assumir tarefas destinadas à Creusa como lavar aquários e guardar reagentes na geladeira.

Com o reconhecimento do interesse pela pesquisa e eficiência como estagiária ela ganhou um projeto, o que nesse conto de fadas todos ela preveu era a vida tupiquinim de pesquisadora:

- Cesarolmildo, não tinham uns 20 peixes nesse aquário que faziam parte do meu experimento mais do que importante?
- Tinha sim, mas olha só... entrou um gambá no laboratorio do lado... fez um estrago menina e veio pra cá... fazer uma boquinha... hihihihi...

- Acheei, Crisomeide!!! Achei aquele sal higroscópico que está parcilamente líquido e venceu só há 2 anos! Larga essa sopa rala de mais de 20 anos!

-Crisomeide, o laboratório aqui do lado trabalha com ratos branquinhos e pretinhos né?
-Sim Creusa
-Um marrom... passou correndo e está instalado debaixo da geladeira.

-Nossa que sorte! Uma salamadra Julissani!
-Vamos colocar ela debaixo da pia que estão os descartes tóxicos para que ela coma as aranhas e traças que estão lá. Nem vamos precisar limpar aquilo agora e correr o risco de ganhar um dedo a mais na mão por causa da radioatividade.

-Ops, era xilol... achei que era álcool, lavei minha mão e enxuguei os olhos. Sinto uma dor excruciante e vontade de arrancar minhas órbitas oculares fora.
-Pena, amanhã a gente identifica os frascos.