segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O Teatro e Creusa

Creusa é uma menina culta, que convive com amigas cultas. O que trocando em palavras mais compreensíveis significa que todas elas são solteiras e aos 20 anos ainda não sabem a arte da sedução, que aparentemente meninas de 16 anos dominam com maestria.

Amarguras a parte, quarta feira oito horas da noite, o telefone toca:
-Creu amiga, vamos no teatro quinta? Ninguém quer ir comigo, não sei porque. É uma peça de uma amiga minha sobre Oscarino Selvagem.

Ingênua, Creusa apagando as palavras "ninguém quer ir comigo" pensou só em Oscarino Selvagem, amiga da Francy e respondeu:
- Claro, vou chamar Vaniossilda e minha amiga que chegou de Brasília essa semana e quer conhecer as boas coisas de Bobotiba, esse centro cultural de qualidade.

Quinta:

Creusa, Francyonilda, Vaniossilda e Patrinilde, a estrangeira, estavam lá na porta do teatro que diga- se de passagem atrasou exatamente 10 minutos para abrir, e 10 minutos em pé não é nenhuma massagem relaxante.

Ao abrir das portas entraram apressadamente elegantes pois, os lugares não eram marcados e desespero não é permitido a sociedade cultural de Bobotiba.

Logo na primeira fala o assutador prelúdio das próximas 1 hora e quinze (fatigantes) minutos:

- Iluminação tenebrosamente perturbadora
- Atores com sotaques incrivelmente apavorante, beirando o pertubador
- Atores pertubadores em si
- Vergonha por Oscarino Selvagem ter um texto transformado na mais pura e cristalina perturbação.
- Uma cena final identificada pela Frany (a qual estaria morrendo no mais profundo dos infernos na imaginação de Creusa) como "A Epifania da Mulher de Branco". Essa maldita atriz (?) apareceu em todas as cenas sem um propósito definido ocupando espaços vazios e teve quase exatos dois minutos de solo se jogando no chão e fazendo cara de morta viva enquanto um personagem parecido ao Coração Gelado dos Ursinhos Carinhosos apagava as milhares de velinhas, uma por uma, do cenário.

UMA POR UMA, e a mulher enrolada num trapo branco de um lado a outro correndo, pulando e se jogando em ataques convulsivos pelo palco.

Na saída, Creusa envergonhada por Patrinilde nem querendo encará- la de frente balbuciou:
-Desculpa, não sabia que seria assim...

Patrinilde muito gentilmente limitou-se a dizer:
- Tudo bem, só lamento não ter conseguido presta atenção no texto, tinham tantas coisas me perturbando que era impossível se manter concentrada.

Nenhum comentário: